A presente pesquisa visa introduzir a Teoria da Complexidade à disciplina arquitetônica. Essa teoria científica nos permite conceber a ideia de auto-organização, isto é, arquitetura sem arquitetos. Se a ciência clássica lida com regularidades e determinismos, a ciência da complexidade nos fala de criação e incerteza.
O chamado paradigma da complexidade tem sua origem na segunda revolução científica do século XX. Mais do que uma ciência, os estudos em torno da complexidade constituem uma auto-organização de diferentes campos de conhecimento que quebram as barreiras disciplinares tradicionais. Nesse sentido, este estudo tenta conquistar uma metáfora de visão a partir da qual podemos ver o intrincado complexo de interações sistêmicas e feedback em que nossa disciplina se desenvolve, porque em primeiro lugar trata-se de "estar consciente" para, então, poder Transformando o ambiente com consciência crítica.
Tradicionalmente associamos o complexo ao complicado, no entanto, a complexidade, paradoxalmente, pode ser facilmente descrita. Um sistema complexo é aquele em que o todo é mais do que a soma das partes. A complexidade, então, torna clara a necessidade de entender o mapa de conexões, as redes de relações entre os elementos. O complexo não é a soma das partes e, portanto, não pode ser entendido isolando os componentes do sistema, do qual se conclui que o complexo não pode ser coberto do reducionismo. Consequentemente, não é um paradigma homogeneizante, mas articulador.
A complexidade diz respeito à disciplina arquitetônica em todas as suas dimensões: pensamento, prática e produto. A complexidade não está presente apenas em tudo o que nos rodeia, mas também tende a aumentar. Certamente, há uma dinâmica comum que descreve a evolução do biológico, do social e do cultural, de acordo com a qual nossa biosfera evolui, tornando-se cada vez mais complexa.
O referencial teórico da investigação responde aos princípios da chamada "unidade da ciência". Essa perspectiva sustenta a idéia de que as ciências formam um todo unificado que não pode ser dissolvido sem perder de vista o todo. Sua tese central afirma que existem leis científicas comuns aplicáveis a qualquer nível de organização (matéria-vida-mente-cultura). Entender a complexidade da arquitetura implica, para começar, entender como nossa disciplina é enquadrada em cada um desses níveis. Nesse sentido, a pesquisa possui uma estrutura tripartida. A primeira parte da pesquisa, Complexidades Naturais, aborda a arquitetura a partir dos aspectos físicos (auto-organizacionais, termodinâmicos) e biológicos que não estão relacionados à constituição organizacional dos seres vivos.
Na segunda parte, The Cognitive Institution, os aspectos relacionados ao conhecimento e à aprendizagem são estudados. Observamos como esses fenômenos também obedecem a certas dinâmicas auto-organizacionais. Exploramos as relações entre a mente e o projeto, o que nos permite trazer alguma luz para esse grande mistério que, ainda hoje, apresenta o processo criativo. Finalmente, tentamos adquirir o conhecimento da crítica através da crítica do conhecimento.
Na terceira parte, Complexidades Culturais, nos deparamos com a arquitetura a partir do quadro do fenômeno social e comunicacional, da linguagem, daquilo que nos torna mais especificamente humanos. Com o aparato conceitual de complexidade, destacamos a eco-dependência da arquitetura. Graças a essas considerações multidimensionais, tentamos alcançar uma posição privilegiada para compreender e confrontar a arquitetura em nossa moderna sociedade em rede.