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Área Profissional / Fórum

I Fórum arquia / próxima Valência de 2008: Origens e desacordos

I Fórum arquia / próxima Valencia de 2008: Origens e desacordos".

 

29, 30 e 31 de outubro de 2008- Salão nobre. Edificio Rectorado. UPV

O I Fórum arquia/próxima Valencia de 2008: Origens e desacordos, contou com a presença de 385 participantes. Num formato de debate aberto, analisou as conclusões arquitetónicas e sociológicas extraídas das 769 realizações apresentadas na edição 2006-2007 da bienal arquia/próxima, pelos 286 arquitetos participantes.

O tema Origens e desacordos reflete a génese do programa. Reúne o desenvolvimento e a sistemática do início da documentação, de um modo proativo, dos princípios e resultados daqueles que iniciam a sua atividade profissional como arquitetos em Espanha; e, por outro lado, reúne os desacordos, a desmemória e os prejuízos como base de um conflito, um debate, que, na sua relação com a realidade, e muito especialmente com os modelos futuros de ensino das escolas de arquitetura espanholas, pode contribuir para a reativação social da arquitetura como uma referência coletiva de serviço indesculpável para as pessoas e para o conhecimento para lá da emoção ou dos processos de mercado como valores públicos exclusivos.

O júri da edição 2006-2007, formado por Félix Arranz como comissário geral, Marta Cervelló, Sara de Giles, Patxi Mangado, Carmen Pinós, Emilio Tuñón e o sociólogo José Miguel Iribas , atribuiu o prémio arquia/próxima 2008 dotado com 15.000 € à realização Ecobulevar del ensanche de Vallecas de Ecosistema Urbano. Também teve lugar a entrega do prémio Opinião à realização mais votada pelo público que assistiu à mesma Casa para el pintor Damià Jaume de Francisco Cifuentes e do prémio Comunicação à realização Dibujos para los IV encuentros internacionales de arquitectura: identidades do autor Roque Viejo.

Foi apresentado o catálogo arquia/próxima de 2008 "Origens e desacordos" com 128 realizações elegidas pelo júri. Da mesma forma, os autores das 28 realizações selecionadas que fizeram parte da exposição arquia/próxima tiveram a oportunidade de as apresentar publicamente no Fórum.

  • Fórum arquia 2008 / Conclusões
  • COMUNICADO AO CONGRESSO DE ARQUITETOS DE ESPANHA

    RELATÓRIO DO COMISSÁRIO DA ARQUIA / PRÓXIMA

    PROPOSTA DE COMUNICADO PARA O CONGRESSO DE ARQUITETOS DE ESPANHA DE 2009

    por Marta Cervelló

    vogal 3 do Conselho de Administração da Associação de Arquitetos s. coop. de crédito

    DADOS DE CONTACTO

    c. Arcs nº 1, 08002 Barcelona

    934826810

    mcervello@mateo-maparchitect.com

    dg@arquia.es

    TITULO DO COMUNICADO

    Os inícios do desenvolvimento profissional dos arquitetos em Espanha

     

     

    RESUMO (Máximo de 12 linhas)

    Uma série de atividades encadeadas, iniciadas em torno das Bolsas para Estudantes - e Arquitetos recém-formados -, Questionários ao coletivo de estudantes (o último elaborado em 2008), publicações de teses - muito frequentemente de textos de jovens profissionais - e o recém-celebrado fórum Arquia-Próxima proporcionaram-nos uma soma de documentação em torno dos inícios do desenvolvimento profissional dos arquitetos em Espanha.


    COMUNICADO (Máximo de 1.200 palavras)

    Uma série de atividades encadeadas, iniciadas em torno das Bolsas para Estudantes - e Arquitetos recém-formados -, Inquéritos ao coletivo de estudantes (o último elaborado em 2008), publicações de teses - muito frequentemente de textos de jovens profissionais - e o recém-celebrado fórum Arquia-Próxima proporcionaram-nos uma soma de documentação em torno dos inícios do desenvolvimento profissional dos arquitetos em Espanha. A modo de resumo, enunciamos seguidamente os principais riscos retidos destas informações.

    Com a Arquia-Próxima na sua primeira convocatória, recolheu-se, ao longo de um ano, uma base de dados de cerca de 1000 “realizações” elaboradas por jovens arquitetos de toda a Espanha, controladas por um projeto elaborado pelos seu ativador Félix Arranz e agrupadas numa plataforma digital. O termo "realização" trouxe uma dimensão aberta e ampla, englobando qualquer produção profissional de um arquiteto. A amostra recolhida neste primeiro Fórum não pretendia ser a única representativa de todo o coletivo jovem em Espanha, mas sim dar uma determinada versão das suas preocupações e interesses. O objetivo da Arquia-Próxima tem sido ajudar aqueles que estão a começar a ter uma plataforma para relacionar e divulgar os seus trabalhos.

    Também tem servido para configurar uma amostra do estado da profissão dos jovens arquitetos. Usando os dados agregados da Arquia-Próxima e do Questionário a Estudantes de Arquitetura de 2008, pode-se confirmar ou qualificar as conclusões de ambos os estudos sobre quem compõe o grupo, quais são os seus interesses e as inclinações dos profissionais mais jovens. Para os 20.000 jovens arquitetos que devem existir em Espanha, as questões permanecem as mesmas: Quais são as formações/aprendizagens e os seus tempos apropriados? Os percursos profissionais são escolhidos por interesse "vocacional" ou para resolver um sistema de subsistência? A sociedade regula automaticamente a oferta e a procura dos arquitetos nas suas diferentes especialidades de forma equilibrada?

    Uma primeira nota importante refere-se ao termo "jovem": embora tenha sido tradicional chamar jovens aos menores de 40 anos, é agora mais interessante aceitar o termo "jovem" para aqueles que estão na profissão há menos de 10 anos: esta nova definição permite percursos de formação mais transversais e contemporâneos, compreendendo a importância do tempo que decorre entre o fim da formação académica formal e o seu posterior desenvolvimento pessoal, incluindo formações pós-graduação ou períodos de estágio. Consideramos pertinente insistir precisamente neste período, onde começa a verdadeira carreira profissional do arquiteto e onde se marcam os caminhos do futuro.

    Quanto à definição do grupo, onde reside a maior novidade do coletivo jovem em comparação com outras gerações, está nas fontes de influência e informação. Se até algumas décadas atrás havia professores - e os seus estudos, as suas aulas ditavam um marco para a evolução da cultura arquitetónica - hoje, as correntes globais fluem através de outras redes, que são mais amplas, ultrarrápidas, sem foco, de matriz, altamente internacionalizadas e apenas interpretáveis por aqueles que tentam. Provavelmente por esta razão, no que diz respeito à diversidade cultural e geográfica, é difícil distinguir/diferenciar as obras de jovens arquitetos espanhóis, pois são igualmente díspares, qualquer que seja a sua localização.

    No que diz respeito à percentagem de arquitetos masculinos e femininos, foi estabelecida uma certa igualdade entre os géneros. As mulheres, quase sempre nas aulas, participam da profissão como os homens nas fases iniciais de desenvolvimento profissional, como "jovens". No entanto, talvez fosse útil verificar o seu grau de permanência e continuidade ao longo da sua vida profissional, já que muitas vezes a difícil conciliação familiar as leva a abandonar o seu trabalho, e depois é complicado para regressarem à sua "carreira".

    Em relação aos interesses de desenvolvimento profissional do grupo, pode-se concluir que, a maioria dos jovens arquitetos tenta exercer como arquitetos de profissão liberal, associados ou sozinhos, desenvolvendo sobretudo projetos de construção ou paisagismo. A maioria pensa que é necessário/interessante realizar estágios profissionais em estúdios de arquitetura, nacionais ou estrangeiros, especialmente para compensar deficiências nos seus estudos universitários, antes de embarcar no seu próprio caminho individual. Com o seu estúdio aberto, conseguem trabalho como seus mais velhos, através da participação em competições e dos seus relacionamentos e promoção pessoal. As obras que se realizam neste período inicial são muitas vezes de magnitude e complexidade, e proporcionam-lhes uma qualidade arquitetónica inquestionável. O tempo necessário para "satisfazer as suas expetativas profissionais"* é entre 5 e 6 anos de profissão.

    Embora a Arquia-Próxima não tenha sido capaz de listar exemplos de todas as formas profissionais (por exemplo, é difícil incluir gestores ou professores públicos ou privados neste trabalho, etc.), o questionário recente a estudantes inclui outras formas profissionais possíveis: menos desejadas do que a atividade liberal, o ambiente de ensino ou o de um funcionário público ou assalariado são saídas reconhecidas por alguns dos jovens arquitetos. No entanto, parece haver pouca inclinação para campos mais científicos, dedicados à investigação e desenvolvimento no campo dos novos materiais, por exemplo. Por outro lado, os caminhos próximos ao design industrial, decoração de interiores ou grafismo têm um bom lugar nestas fases de consolidação profissional. O concurso de Teses de Arquitetura realizado de dois em dois anos pela Fundação Arquia revela também uma maior tendência para textos sobre História e Crítica do que para campos mais técnicos.

    É difícil reconhecer no jovem coletivo de arquitetos espanhóis uma tendência para a internacionalização do seu trabalho, embora tenham uma tendência para estágios no estrangeiro: talvez encontrem oferta e campo de desenvolvimento suficiente no seu ambiente imediato ou, talvez também tenham compreendido antecipadamente que a dificuldade em atravessar fronteiras é maior do que o benefício esperado.

    Resumindo muito brevemente dos relatórios elaborados pela Fundação Arquia, pode concluir-se que, os jovens arquitetos querem sobretudo dedicar-se à profissão de arquiteto liberal clássico, sozinhos ou em associação, a partir da participação ativa nos novos ambientes em rede, multidisciplinares e igualitários. Preocupam-se com a vinculação social da arquitetura e o seu compromisso com o ambiente. Talvez precisamente por isso, os jovens arquitetos dizem que não procuram o famoso "êxito" e compreendem a necessidade de fórmulas profissionais de colaboração.

    Os jovens arquitetos espanhóis mostraram-se bem preparados, para saberem assumir as suas responsabilidades e serem pragmáticos, oferecendo ao mesmo tempo alta qualidade nos seus trabalhos.

    *(nas palavras de Iribas)


    PRÓXIMOS PRINCÍPIOS
    Novembro de 2008
    por Félix Arranz
    Comissário da bienal 2006-2007 do programa "arquia/próxima"

    Na minha perspetiva, que tentei refletir no artigo "Origens e desacordos" (*), o programa arquia/próxima da Fundação Arquia representa, pelo fato da ativação do "Registo aberto de princípios", um passo quantitativamente enorme e qualitativamente colossal na ratificação de uma suspeita íntima: a do relevo das rotativas críticas, digamos Gutemberg, baseadas na distribuição periódica de opiniões individuais de autoridades por metodologias alternativas documentais, wiki, wam ou scalae.net, baseadas na amostra permanente e exaustiva, mas discriminada de princípios pessoais e profissionais sobre estruturas compreensíveis, comparáveis e de não intermediação. Noutras palavras: na minha opinião e intenção, a arquia/próxima está comprometida, no seu formato, com o debate estruturado e sustentado em apresentações diretas pelos agentes de participação e não com a apresentação crítica de vozes especializadas, autorizadas, únicas... alheias. De certo modo, visto desta forma, este relatório, na minha qualidade de comissário, é uma contradição que devo necessariamente assumir.

    O culminar real e prático da base teórica que sustenta a existência do "registo aberto" da arquia/próxima poderia ser experimentado na forma do debate que se iniciou publicamente no salão nobre da Universidade Politécnica de Valência, por ocasião do Fórum no qual, durante três dias do passado mês de outubro, os bolseiros do FQ (estudantes de arquitetura e/ou recém-licenciados que receberam bolsas para incorporarem destacadas firmas profissionais espanholas e internacionais durante seis meses) e os "próximos" (autores das 28 realizações selecionadas(**) como representantes do trabalho realizado pelos arquitetos espanhóis que se encontram na sua fase inicial, nos primeiros dez anos como profissionais e como representantes dos autores dos quase 800 realizações Três dias em que, literalmente, uma geração de arquitetos espanhóis, a geração seguinte, os seus membros, mudaram os cromos da sua própria coleção memorizando com ela os nomes dos autores e realizações: as 128 contadas no preciso catálogo-álbum da arquia/próxima, graças a um diabólico "jogo" de participação traçado pelos, de direito, "próximos" do coletivo zulo_ark.

    Neste debate, que decolou rapidamente devido à idoneidade dos seus participantes e ao fato de persistir e encontrar uma forma de sobreviver dia a dia nos blogues, nas comunidades virtuais e nos vídeos e podcasts partilhados na Internet, foi possível evidenciar - a partir das intervenções dos "próximos" e dos "bolseiros" e com a desculpa da invenção coletiva da "próxima escola espanhola de arquitetura" - algumas das características e aspirações da próxima geração. Deve-se notar que a distância das intenções, assim como a leitura da realidade da nova geração, é vertiginosa aos olhos das pessoas e profissionais acostumados à retórica herdada e aprendida nos currículos até há bem pouco tempo válidos das escolas de arquitetura e no sistema convalescente de processamento profissional dos colégios de arquitetos. Serei mais direto: é um clamor de desapego dos novos para/pelo que aprenderam nas escolas e pela oferta das faculdades, pois ambos os assuntos estão muito longe da realidade que vivem, frequentam e compreendem e, consequentemente, porque são pouco menos que heranças inúteis e estéreis. Nem sequer os criticam, não lhes servem da forma como chegaram e sentem que talvez nunca mais lhes sirvam. Identifico aqui o debate aludido através da exibição de três "fios", complexos, da conversa coletiva, todos eles apontando para uma ressincronização com a realidade:

    Nas suas palavras, contra as probabilidades e com a ratificação das suas realizações, os "próximos" defendem uma reconsideração e preferência do material sobre a retórica, num sentido prático que, para dar uma imagem, "prefere construir sem projeto do que projetar sem construir". Uma prova disso é a entrega, por votação aberta, do "prémio opinião" ao estúdio do pintor Damià Jaume em Mallorca, de Francisco Cifuentes. Dê uma olhada no não-projeto de Mallorca e veja o que é uma bela bandeira geracional. As cuidadosas conclusões do sociólogo Iribas sobre o questionário realizada às equipas catalogadas na arquia/proxima e as motivações íntimas daqueles que estão a começar hoje também são úteis.

    A tecnologia e os recursos de TI e comunicação, ICTS, que são fascinantes para aqueles que estão "fora", para os próximos - que nasceram "dentro" - são o habitual, quotidiano e natural, na medida em que iniciaram uma fase crítica na relação com gadgets e software, sendo capazes de distinguir e discriminar os recursos eletrónicos de trabalho e lazer da eletrónica e uselessware de consumo. Possivelmente devido à aparente pressão da "necessidade de construir sobre o que está construído" numa reciclagem mental e material que vê inteligentemente e vai além das engenhocas industriais e socialmente corretas, os próximos na fila poderiam identificar-se coletivamente com o Le Corbusier mais jovem, aquele que segurou um tijolo com as mãos pela primeira vez verificando/afirmando com deleite: "Bem, é pesado!", É, sem dúvida, uma generalização excessiva dizer que uma boa parte dos próximos poderia não ficar desconfortável na figuração de um neoartesanato hipertecnológico... Mas fica. O trabalho e a atitude de um coletivo como o Ecosistema Urbano, que deu ao sintetizar boa parte das aspirações da próxima geração, deve servir de referência. Tanto o projeto e o trabalho EcoBulevar en Vallecas como o projeto e o trabalho da comunicação web 2.0 http://ecosistemaurbano.org são paradigmáticos e constituem bandeiras geracionais.

    Finalmente, acima de tudo, pelo compromisso de não estender o comentário e de limitar os fios a três, e tendo em vista os princípios estabelecidos no registo aberto da arquia/próxima, a próxima geração de arquitetos espanhóis parece não estar desconfortável no apartamento alugado - não é que a propriedade seja impossível..., é simplesmente óbvia - de algo como os "netos do 68".

    Os sintomas da ligação avó-neto do 68 são a insistência na reformulação da realidade; a hipersensibilidade ambiental; a miscigenação internacional não como uma forma de relacionamento, mas como uma vida em si; o gosto pelo anonimato e pseudónimos de ocultação; o desenraizamento territorial e familiar enquanto um forte apego aos sistemas ideológicos tradicionais; a promiscuidade intelectual e a reconfiguração grupal permanente nos coletivos...; mas, sobretudo, a especial atenção para o que acontece individualmente, para o reconhecimento dos sentidos e para o próprio bem-estar como eixo do sentido da vida e, dentro dela, da arquitetura. A explicação que Roque Viejo ofereceu em Valência sobre os seus desenhos-pensamento de identidade gráfica, para os Encontros internacionais de arquitetura galegos, e que foi endossada com o prémio de comunicação em arquitetura próxima, ilustrou maravilhosamente esta condição vital e fecha o conjunto principal de bandeiras que pude calibrar no comissariado fundacional da arquia/próxima e que agora relato.

    A arquia/próxima coloca nas mãos de pessoas interessadas nos princípios dos arquitetos e da arquitetura espanhola os seus próprios agentes e motivações, oferecendo a possibilidade de um encontro direto sem intermediários. A próxima geração, atenta a qualquer variação da realidade, encontrou no seu registo, catálogo, cromos e fórum, um veículo ideal e adequado para o seu particular Magical Mistery Tour e, com generosidade, expôs as suas realizações e modelos de pensamento.

    É um trabalho pessoal, de cada um, recompor a lista pessoal de selecionados e premiados. É possível. Estão todos convidados... porque isto é apenas o começo.

    (*) Félix Arranz: "Origens e desacordos", in AA.VV.: arquia/próxima 2008, origens e desacordos, Madrid: Fundação Arquia, 2008.
    (**) A arquia/próxima catalogou na sua primeira edição e através do trabalho conjunto do conselho científico do comissariado, formado por Emilio Tuñón, Carme Pinós, Sara de Giles, Marta Cervelló, Patxi Mangado e Félix Arranz, 128 das 760 realizações inscritas no registo aberto na Internet [http://www.arquia.es/proxima], selecionou para sua exposição 28 das realizações catalogadas e atribuiu o prémio arquia/próxima 2008 à realização de Ecobulevar en Vallecas, da Ecosistema Urbano