Programa:
Há umas semanas, em Paris, visitei uma exposição de arquitetura, muito interessante, sobre o trabalho do jovem arquiteto japonês Junya Ishigami. Numa entrevista em vídeo, que acompanha a exposição, afirma (cito de memória) que o arquiteto é um “guia turístico”. Esta afirmação, primeiro, escandalizou-me. Depois, pensando melhor, pareceu-me uma ideia interessante: imaginar que os arquitetos estão a viajar e a conhecer o mundo que, a pouco e pouco, vão revelando!
Pedimos que nos mostrem um lugar construído ou natural que, com um mínimo de intervenção, possa constituir uma casa discreta.
“...o velho gesto do speculum platónico, o de dividir o real, não entre o falso e o verdadeiro, mas entre o que realmente é e as virtualidades que contém, invisíveis. Uma árvore, esta árvore, se não for fotografada, continua a enviar as suas imagens; como afirma Bergson: “como não ver que a fotografia, se existir, já foi captada, tirada no próprio interior das coisas e para todos os pontos do espaço? Nenhuma metafísica, nenhuma física, inclusivamente, pode ser subtraída a esta conclusão.” (Henri Bergson, Matière et mémoire, París, PUF, 1939, p. 22)”
José Bragança de Miranda, ph.01 – Jorge Molder: A fotografia como incisão. Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2017, p.9