Jorge Gorostiza

Jorge Gorostiza

QUANDO O CINEMA SE ANTECIPA À ARQUITETURA:

PROJETOS VISIONÁRIOS NOS ECRÃS

Não faz sentido sugerir que as telas sejam o lugar onde se pode ver o que vai acontecer no futuro. A ficção científica cinematográfica, como a literária, utiliza o futuro para explicar e analisar o presente em que foi criada. A arquitetura e as cidades mostradas nos filmes que tiveram lugar num futuro que já passou, como Uma fantasia do futuro (Just Imagine), que aconteceu em 1980, não são aquelas que realmente existiam, mas isso não impede que as suas morfologias sejam fundamentais para compreender o momento em que foram filmadas

A vida futura (Things to come), baseado num romance do visionário H. G. Wells, alerta para os perigos da Segunda Guerra Mundial que se desencadearia três anos após a sua estreia, mostrando um planeta destruído cheio das sempre sugestivas ruínas dos edifícios do século XX, mas também coloca para o ano 2036 uma nova megacidade, que ao contrário da proposta de Fritz Lang para 2027 na sua Metrópolisé completamente subterrânea como O túnel transatlântico (The Tunnel), uma urbe onde, como diz um velhote a uma menina, já não são necessárias janelas, uma mistura de distopia e utopia que torna um filme único. Não se deve esquecer que a vida futura é dirigida por um grande profissional da cenografia, o primeiro "production designer", William Cameron Menzies. Nela, além da arquitetura e da cidade do futuro, é possível desfrutar de uma sequência fundamental: a construção da metrópole subterrânea, devido à conjunção de László Moholy-Nagy (não se esqueça de ver seu documentário Impressionen vom alten Marseiller Hafen) e do compositor Arthur Bliss, e que deve ser apreciada situando-se nos anos trinta do século passado, mas sem esquecer que alguma catástrofe pode sempre surgir.

Mais informação sobre o arquiteto Jorge Gorostiza mo seu blogue ARQUITETURA+CINEMA+CIDADE.