arrow-circle-down arrow-circle-left arrow-circle-up arrow-down arrow-left arrow-line-right arrow-right arrow-up ballon close facebook filter glass lock menu phone play point q question search target twitter
X

Concurso Público - Conjunto Habitacional Rua da Venezuela - Lote 4, Benfica, Portugal, 2023

 

CONCEITO GERAL | Atendendo ao programa enunciado prevê-se a implementação de um modelo urbanístico/arquitetónico contemporâneo, adaptável às exigências do habitar contemporâneo e capaz de atrair novos públicos. Através do desenho sóbrio das fachadas parte-se para a criação de um modelo de floreira, em resposta a várias condicionantes, sobretudo a acústica. E promovem-se vivências diversificadas e agradáveis, ao nível dos espaços exteriores (envolvidos por vegetação) e adicionam-se as vistas sobre o Parque Verde de Monsanto, em memória do ambiente rural perdido do lugar de Benfica. Pelo exterior adicionam-se soluções construtivas que protegem os interiores da influência do clima, da poluição, do ruído, entre outras, com vista a aumentar a vida útil do edifício e diminuir as necessidades de manutenção. Os espaços interiores geram funções diversas e adaptadas a diversos estilos de vida. Destacam-se pela coerência, sobriedade e qualidade formal, mas também pela reversibilidade. Para além da tipificação de elementos construtivos, o edifício proporciona uma solução modular que pode ampliar-se aos restantes lotes, sem que se perca a coerência do conjunto e sem alterar tipologias ou relocalizar acessos. Em síntese, através do desenho cuidado dos exteriores, que qualificam os espaços interiores, propôs-se uma solução apelativa, que gera melhores, mais ecológicas e mais saudáveis condições de habitar, demonstrando em paralelo, que nem sempre a qualidade e/ou a coerência construtiva estão associadas a soluções extremamente dispendiosas e/ou complexas.

 

INTEGRAÇÃO | Benfica caracterizava-se, até ao início do século XX, pela disponibilidade de recursos naturais e estruturação da paisagem em torno de inúmeras explorações agrícolas destacando-se, em dimensão e complexidade – as quintas de recreio. A localização, voltada a sul, permitiu tirar partido do microclima de excelência, para exploração de solos, tendo funcionado, inclusive, como imprescindível interposto entre o mundo rural (Norte) e a vertente urbana (Sul). Com a Revolução Industrial, perde-se essa ligação e os vazios passam a albergar indústrias de grande escala. Paralelamente, em confronto com a realidade de carências socias que pautaram a década de 1970, propagam-se modelos de construção descontrolados, com efeitos visíveis a demonstrarem-se ao nível da degradação do espaço público e edificado, reflexo da falência do projeto social. O local de intervenção representa um vazio urbano, sem relação entre estruturas edificadas e espaços não construídos, que são agora repensados para articular, de forma integrada: a habitação, a revitalização urbana e a coesão social. Determinantes no processo de construção das fachadas – as floreiras – servem de fundo às vivências interiores, conferem ritmo, efeito estético apelativo, suporte à plantação de vegetação e acumulam ainda funções técnicas de proteção ao clima e ruído. São avançadas em relação ao plano da fachada permitindo a proteção solar e, os topos inclinados, que contêm painéis estriados pré-fabricados de betão promovem, em conjunto com a vegetação, a diminuição efetiva do ruído, evitando que este se propague aos espaços interiores. A fachada norte, mais controlada, cria a distância necessária entre envolvente e áreas privadas, complementadas pela curta varanda que as remata, opção que partiu da necessidade de criação de ambientes mais contidos, menor insolação e, menor utilização ao longo do dia.

 

ACESSIBILIDADE E ESPAÇO PÚBLICO | O acesso universal ao edifício é feito a sul, desde a via pública, onde se destaca o papel agregador do programa de projeto social, que possibilita diversos tipos de uso. Nesse ponto está também previsto o estacionamento de bicicletas, atendendo á expansão do Plano da Rede Ciclável de Lisboa. O edifício promove o afastamento entre o espaço de tráfego automóvel/ferroviário e os espaços de habitar, contribuindo para a salubridade necessária pelo interior e exterior. Na envolvente próxima contemplou-se a integração do estacionamento público, a manutenção do mobiliário urbano, reforço/renovação da iluminação pública e a localização do armário técnico, que será reformulado de acordo com as necessidades. Está ainda prevista a manutenção da vegetação existente e a plantação de novas espécies, que permitam gerar ambientes aprazíveis, ecologicamente apelativos e que convidem à utilização prolongada do espaço público. Acima do piso térreo localizaram-se os pisos de habitação, acessíveis por escada e elevador. Nos pisos em cave, estabelece-se o estacionamento, com acesso a veículos automóveis através de plataforma elevatória. Pelo exterior está prevista a definição do passeio a implementar, na continuidade com os pavimentos adjacentes.

 

ORGANIZAÇÃO INTERNA | A organização interna é consequência do desenho das fachadas, que anula o conceito de “traseira”, comum nos restantes edifícios da envolvente. Nesse sentido contrapõem-se este ponto com a criação de espaços qualificados, que garantem condições de privacidade, segurança, conforto e habitabilidade em todo o edifício. No embasamento, acessível por plataforma elevatória, localiza-se o estacionamento em cave, solução que possibilitou diminuir percursos e atingir a otimização construtiva da estrutura do edifício. No total acomoda 12 lugares de estacionamento, estando previstos lugares para utilizadores com mobilidade reduzida. Ao nível do piso térreo, localiza-se o espaço comercial/projeto social que tira o máximo partido da relação com o espaço público e, junto ao acesso ao edifício foram implementadas caixas de correio. Nos pisos destinados à habitação estão previstos 12 apartamentos, distribuídos por direito/esquerdo e acessíveis através do núcleo de escadas e elevadores ao centro do edifício, o que contribui para a sua eficiência, na medida que permitem a iluminação e ventilação natural. Ao nível do terraço da cobertura implementaram-se alguns espaços comuns, para realização de pequenos eventos familiares e/ou outras atividades. Nesta área permite-se a estadia prolongada, que incentiva à valorização paisagística, pelas vistas privilegiadas sobre o Parque Verde de Monsanto.

 

TIPOLOGIAS | As Unidades Habitacionais resultam de um conjunto de soluções que têm em conta a organização/distribuição funcional dos espaços, estruturados em função de diferentes níveis de exposição/privacidade. Nesse sentido prevê-se a construção de 12 fogos de habitação, distribuídos por 6 T2s e 6 T3s, sem prejuízo de alguns ajustes, considerando o caracter evolutivo da intervenção. As tipologias organizam-se sob o princípio da otimização e hierarquização dos espaços comuns e privados do edifício, existindo distinção entre áreas públicas (sala, cozinha e arrumos) e privadas da casa (quartos e instalações sanitárias) e a possibilidade de adaptação às necessidades dos utilizadores, nomeadamente nas cozinhas, com possibilidade de encerramento, mantendo a iluminação e ventilação adequadas. As cortinas propostas para o encerramento dos vãos virados a sul permitem ocultar ou revelar espaços, aumentando a eficiência formal e energética. A sobreposição de pisos com a mesma tipologia permite aprumar infraestruturas desde a base até ao ponto mais alto, como na diminuição das áreas de circulação e posterior eliminação de corredores. Os interiores são complementados por grandes áreas de varanda, que dinamizam os espaços e criam uma vantajosa relação com o exterior. A única exceção, ao nível dos exteriores surge nos apartamentos mais próximos do solo que mantêm, por uma questão de privacidade e/ou proteção ao ruído varandas mais amplas e, como tal, maior afastamento à via pública. 

 

SOLUÇÕES DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E SUSTENTABILIDADE | Foram implementadas soluções construtivas que visam a redução do consumo energético, com recurso à utilização de matérias primas duráveis, resistentes, de fácil substituição/manutenção, baixa pegada ecológica. Partindo da utilização de materiais económicos, métodos construtivos correntes/simplificados e valorização da elevada racionalidade construtiva no desenho das fachadas, a proposta recorre a modelos e elementos facilmente tipificáveis e pré-fabricados, com vista a reduzir o custo de obra, tempos de produção em fábrica e planeamento da obra com recurso a soluções otimizadas. Os vãos do edifício mantêm-se recuados em relação ao plano da fachada e protegidos por dispositivos de sombreamento e está prevista a instalação de estores de rolo exteriores e cortinas pelo interior, proporcionando aos utilizadores maior flexibilidade na vivência quotidiana. A escolha por varandas corridas balançadas (mais generosas a sul do que a norte) permite otimizar a solução de fachada, o que contribui para melhorar o desempenho térmico do edifício. Valorizou-se bastante a importância dos espaços verdes e a relação com a envolvente, contribuindo para o relevante papel ecológico da proposta. A vegetação que será plantada nas floreiras terá ainda a função de absorção e filtragem do CO2 emitido na envolvente próxima ao edifício. Ao nível da recolha de águas será feita a gestão equilibrada dos desperdícios dos lavatórios para os tanques de descarga dos sanitários, enquanto que pelo exterior irá aproveitar-se o excedente dos pluviais para a rega. Serão ainda instalados equipamentos energeticamente eficientes em todo o edifício, com vista a promover a utilização ponderada dos recursos. Pelo exterior o edifício será revestido com materiais cerâmicos (prevendo já a necessidade de manutenção pela baixa incidência solar a norte). As varandas constroem-se com recursos a peças de betão pré-fabricado estriadas, que acumulam a função de barreira acústica no remate das floreiras. 

Participaciones en arquia / próxima

IX Edición 2022-2023