Catalogar uma série de desenhos e maquetes em forma de livro representa, inevitavelmente, uma perda da experiência física que proporcionam quando contemplados pessoalmente. A experiência de confrontar-se com os atributos físicos (escala, materialidade, peso, etc.) destes objetos reais não pode ser traduzida de forma justa num formato impresso de imagens planas de escala reduzida. Nesse paradigma, a própria experiência do livro torna-se fundamental. O processo de descoberta, de envolvimento e relacionamento com o livro como um objeto, assim como o significado que ele abrange, torna-se um tema em si mesmo. Dada a natureza do seu conteúdo, o livro "Possible Anatomies", que recolhe uma série de investigações retóricas e representacionais sobre o processo de compreensão e criação da arquitectura, surge inserido numa escultura em gesso. Ao (in)disponibilizá-lo dessa forma, o livro apresenta-se como uma ideia abstrata, inacessivel, sem correspondência com a realidade física do futuro leitor. Para realmente confirmar a sua existência, a escultura – aqui representando tanto o recipiente como o conteúdo – deve ser destruída. A sua perda irreparável é necessária para que o livro seja descoberto. Uma consequência inevitável, uma vez que ambos os objetos não podem coexistir como realidades integrais.

O livro não é um livro, mas é um processo físico e mental de descoberta. Muito parecido com os desenhos e modelos que tenta transmitir.

Existem 50 maquetas de gesso e 49 livros.

Uma maqueta não contém absolutamente nada.