El ámbito de la mediación arquitectónica ha sido abordado en numerosas ocasiones desde su dimensión cultural, afectiva y relacional, pero no tanto así desde un enfoque material y estructural. En la acción de construir, la arquitectura es informada, de una parte, por los cuerpos que la construyen y habitan y, de otra, por el territorio en el que se asienta. Desde este enfoque, el lugar propio de la arquitectura es una “zona intermedia” por la que atraviesan todo tipo de flujos y significados. Dicha posición ofrece a la disciplina arquitectónica la posibilidad de hacer visible y operativa la profunda interdependencia de todo aquello que nos rodea y conforma. 

A lo largo de la Historia, la búsqueda de sentido entre el cuerpo y la arquitectura ha sido una preocupación constante. Una de las vías que se tomó desde la antigüedad fue asemejar la organización de los edificios a las partes y proporciones de un cuerpo humano idealizado. La otra vía, menos transitada aunque tan antigua como la anterior, ha buscado la conexión entre cuerpo y arquitectura desde la acción ritual. En ella, la labor de quien construye consiste en entrever las líneas de fuerza del entorno para componerlas con el propio hacer del cuerpo; es a través del gesto constructivo, y no en una silueta fija, desde donde tiene lugar la mecánica mediadora que da forma a esta otra arquitectura. 

La mediación, como principio arquitectónico, puede ser abordada a partir de las corporalidades y gestualidades que la habitan, en relación con el territorio y el paisaje en el que se inscriben. La tupida red de relaciones que se dan entre estos elementos se vuelven más evidentes en prácticas y lugares fronterizos. Es el caso de las cabañas palombière en el suroeste francés, el caso del frente habitado de la Guerra Civil española, y el caso del pliegue espacial del fenómeno de la camera obscura: tres formas de arquitectura liminar que se dan en espacios y tiempos de excepción. En su comportamiento como observatorios, estas arquitecturas no sólo enfocan el paisaje sino que pasan a operar en él; sus topologías —a través de agujeros y perforaciones— ponen en contacto la interioridad y la exterioridad, lo humano y lo no humano, o lo individual y lo colectivo. 

Cabañas, trincheras y cámaras son “tipos” de una “arquitectura menor”, tanto por su dimensión, por las herramientas que les dan forma, como por el plano de igualdad que establecen con su contexto. Es precisamente esta potencia de “lo menor” desde donde cuerpos, arquitectura y territorio se co-relacionan y co-producen; y desde donde pueden comprenderse muchas de las formas de hacer arquitectura que hoy se están realizando, o las que se pueden llegar a practicar.

The field of architectural mediation has been addressed on numerous occasions from its cultural, affective and relational dimension, but not so much from a material and structural approach. In the action of building, architecture is informed, on the one hand, by the bodies that build and inhabit it, and on the other, by the territory in which it is based. From this point of view, the proper place of architecture is an “intermediate zone” through which all kinds of flows and meanings go through. This position offers the architectonic discipline the possibility of making visible and operative the deep interdependence of everything that surrounds and conforms us.

Throughout history, the search for meaning between the body and architecture has been a constant concern. Since antiquity, one of the main ways was to resemble the organization of buildings to the parts and proportions of an idealized human body. The other route, less traveled but as old as the previous one, has sought the connection between body and architecture from the ritual action. In it, the work of those who build consists in glimpsing force’s lines of the environment to compose them with the body’s own making; it is through the constructive gesture, and not in a fixed silhouette, that the mediating mechanics that shape this other architecture take place.

Mediation, as an architectural principle, can be approached from the corporalities and gestures that inhabit it, in relation to the territory and the landscape in which they are inscribed. The dense network of relationships that occur between these elements become more evident in border practices and locations. This is the case of the palombière huts in southwestern France, the case of the inhabited front of the Spanish Civil War, and the case of the spatial fold of the camera obscura phenomenon: three forms of liminal architecture that occur in spaces and times of exception. In their behavior as observatories, these architectures not only focus on the landscape but also operate on it; its topologies —through holes and perforations— put in contact interiority and exteriority, the human and the non-human, or the individual and the collective.

Cabins, trenches and cameras are “types” of a “minor architecture”, both because of their size, because of the tools that shape them, and because of the level of equality they establish with their context. It is precisely this power of “the minor” from which bodies, architecture and territory co-relate and co-produce; and from where we can understand many of the ways of making architecture that are being done today, or those that can be practiced.

O campo da mediação arquitetônica foi abordado em inúmeras ocasiões na sua dimensão cultural, afetiva e relacional, mas não tanto do ponto de vista material e estrutural. Na ação de construir, a arquitetura é informada, por um lado, pelos corpos que a constroem e habitam e, por outro, pelo território em que está inserida. Deste ponto de vista, o lugar adequado da arquitetura é uma "zona intermediária" por onde passam todos os tipos de fluxos e significados. Esta posição oferece à disciplina arquitectónica a possibilidade de tornar visível e operacional a profunda interdependência de tudo o que nos rodeia e molda.

Ao longo da história, a busca de sentido entre o corpo e a arquitetura tem sido uma preocupação constante. Um dos caminhos adotados desde os tempos antigos foi assemelhar a organização dos edifícios às partes e proporções de um corpo humano idealizado. A outra estrada, menos percorrida mas tão antiga quanto a anterior, buscou a conexão entre corpo e arquitetura por meio da ação ritual. Nele, o trabalho do construtor consiste em vislumbrar as linhas de força do ambiente para compô-las com o próprio trabalho do corpo; é através do gesto construtivo, e não numa silhueta fixa, que se dá a mecânica mediadora que dá forma a esta outra arquitetura.

A mediação, como princípio arquitetônico, pode ser abordada a partir das corporalidades e gestos que a habitam, em relação ao território e à paisagem em que se inscreve. A densa rede de relações que existe entre esses elementos torna-se mais evidente em locais e práticas de fronteira. É o caso das cabanas palombière no sudoeste francês, o caso da frente habitada da Guerra Civil Espanhola e o caso da dobra espacial do fenômeno da câmera obscura: três formas de arquitetura liminar que ocorrem em espaços e tempos excepcionais . Em seu comportamento como observatórios, essas arquiteturas não focam apenas a paisagem, mas também atuam nela; suas topologias - através de furos e perfurações - põem em contato interioridade e exterioridade, o humano e o não-humano, ou o individual e o coletivo.

Cabines, trincheiras e câmaras são "tipos" de uma "arquitetura menor", tanto pelo seu tamanho, pelas ferramentas que as configuram, quanto pelo nível de igualdade que estabelecem com seu contexto. É precisamente este poder do "menor" a partir do qual corpos, arquitetura e território são co-relacionados e co-produzidos; e de onde muitas das formas de arquitetura que estão sendo feitas hoje, ou que podem ser praticadas, podem ser entendidas.