Essa tese de doutorado faz parte da linha de pesquisa do Mestrado em Comunicação Arquitetônica da UPM dentro do domínio da análise cartográfica da realidade complexa. Em apenas um mês desde que entrou no Repositório de Teses da UPM, tem 23 downloads e 51 visitas de diferentes países.
A hegemonia inexorável de um imperativo tecnológico que é muito difícil de subtrair significou a imersão do ser humano em uma realidade cheia de estímulos. A grande quantidade de dados emergidos nesse processo integra a camada digital incorporada ao espaço físico tradicional, iluminando um território emergente onde a infomasa e a biomassa convivem em uma única realidade. A digitalização da cidade é além do maelstrom tecnológico; através da dimensão da informação, é implantada uma complexa realidade territorial composta por elementos e lógicas espaço-temporárias complementares à física newtoniana. A dinâmica da rede eletrônica e as velocidades instantâneas de troca de dados inauguram novas formas de relacionamento entre indivíduos e entre indivíduos e o ambiente, proporcionando hiperconectividade mediada por dispositivos tecnológicos.
Um novo paradigma é lançado aqui que estabelece uma lacuna epistemológica da era pré-digital. Novas relações tecno-sociais produzem uma redefinição da experiência urbana por meio de novas organizações e novos significados, bem como novos vínculos entre a cidade e seus habitantes. Nesse contexto, a principal linha de pesquisa considera como o principal objetivo de analisar e caracterizar as relações entre as realidades territoriais do paradigma digital e dos seres humanos mediadas pelas diferentes ferramentas tecnológicas, particularmente as práticas de mapeamento digital como tradutores de complexidade territorial. O estudo dos diferentes agentes envolvidos no processo de mapeamento da comunicação revela o potencial dos dados informacionais como indicadores da realidade urbana percebidos e comunicados por seus habitantes por meio de interfaces eletrônicas. A pesquisa interpreta a cidade como um grande sistema operacional baseado em modelos de dados de feedback, e conclui com a formulação de um modelo interativo em camadas do fato urbano. Essas paisagens formadas por camadas (camadas) transparentes o mapeamento da cidade hipermediada.
Consequentemente, a tese propõe um desenvolvimento estruturado de capítulos, de acordo com o processo de comunicação cartográfica digital, em cinco blocos temáticos relacionados por meio de uma rede conceitual que oferece outra possibilidade de leitura da tese longe do padrão sequencial tradicional para se tornar um texto não linear. Para isso, propõe um mapa de endereços que orienta os leitores através da conexão de conceitos, deixando em aberto a possibilidade de traçarem seu próprio mapa conceitual, obtendo assim uma multiplicidade de leituras. Dessa forma, o modelo relacional comunicativo da Layerscapes é transferido para a tese, articulando toda a pesquisa como uma metatese.
A partir desta pesquisa propõe-se que a distribuição em camadas funcione como uma ferramenta de conhecimento de novas realidades urbanas através de uma matriz de nove vetores que fornecem uma análise que, embora ainda sendo sintética, constitui uma hiper cartografia que retrata nossa existência.
Esse cenário tecnológico coloca mais um desafio para uma profissão tão tradicionalmente tectônica quanto a arquitetura onde a forma, o espaço e, mais recentemente, o tempo têm sido trabalhados. O surgimento nos últimos anos de projetos participativos marca uma tendência que, em consonância com a web 2.0 e computação onipresente, está moldando um quadro hiperrelacionado onde a vida urbana transcende suas fronteiras conceituais e políticas, resultando no projeto urbano de hipercidade sendo o planejamento de interações.