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Concurso Público para a Casa Mortuária de Barrancos, Barrancos, Portugal
assessoria Ordem dos Arquitectos (LVT) - obra concluída 

 

CONSTRUIR COM A PAISAGEM | Construída e recons­truída, a paisagem do Alentejo responde às mais diversas neces­sidades. Ao longo dos declives desenvolvem-se muros de pedra seca tradicionais, que em constante adaptação à topografia re­sultam numa rede articulada, paralela às curvas de nível para recolher as águas. Combinam-se com muros de divisão de pro­priedade ou marcação de caminhos com várias funções: suporte de terras, drenagem e armazenamento de águas ou limitação de caminhos e veredas, muitas delas para encaminhamento dos rebanhos. A estes associam-se abrigos, habitações ou apoios rurais onde é comum encontrar-se harmonia entre as formas, reveladora do sentido de proporção. As atividades realizadas no interior dos espaços prolongam-se para o exterior, articu­lando a arquitetura com a sua envolvente. E, as habitações, maioritariamente térreas, apresentam volumetrias fortemente horizontalizadas, onde o branco da cal – insubstituível - tudo cobre e valoriza. Pela luz que irradia, pela espessura que per­mite proteger interiores e exteriores ou pelas caiações irregula­res, que conferem aos aglomerados rurais ou urbanos um certo ar de família. Neste tipo de abordagem o lugar é entendido como um território comum que vai para além do património arquitetónico. As construções respondem não só ao programa como aos desafios do clima, à relação com vegetação existente, aos sistemas de vistas e desenvolvem-se em confronto direto com o relevo. Recorrendo a saberes e métodos construtivos que ultrapassam gerações utilizam maioritariamente materiais tra­dicionais, o que acaba por ativar as pequenas economias locais. Tal como nas construções mais antigas, pode-se afirmar que o novo edifício será sempre uma consequência do lugar. Ao preservar a memória construtiva da envolvente permite que a população se relacione facilmente com a nova construção, con­tribuindo para a manutenção das nossas paisagens culturais.

 

ESTRATÉGIA GERAL | Na proximidade com o cemitério municipal a área de implantação é dominada por grandes de­clives, o que permite tirar partido da relação visual, totalmente exposta a nascente-poente e sul, proporcionando boa exposição solar ao edifício proposto.

No desenvolvimento das vertentes, abaixo do acesso viário, está plantado o olival, que é delimitado por muros de xisto, cons­truídos em pedra seca sobreposta, conjunto que se pretendem preservar, integrar e valorizar com a presente proposta.

Promovem-se estratégias de intervenção pontuais e pouco in­trusivas que adicionam valor a toda a área de intervenção.

O percurso proposto inicia-se no miradouro contíguo ao ce­mitério municipal. De forma a minimizar os efeitos visuais das infraestruturas existentes, preservando o potencial da estadia neste local propõe-se a integração do PT no novo muro do mi­radouro ou a possível relocalização deste e da antena associada junto de outra que se situa a nascente da área de intervenção. Estas opções permitem equilibrar a valorizar do espaço público com a minimização dos custos associados à intervenção.

A partir daqui é possível aceder à cota intermédia do estacio­namento através do corpo de escadas público proposto ou ace­dendo através dos passeios que ladeiam a nova alameda, poten­ciando a acessibilidade pedonal entre os diferentes espaços e cotas da intervenção.

A construção do edifício é concentrada num único ponto da área de intervenção, de forma a responder eficazmente ao PDM de Barrancos que protege a área verde existente e a liberta total­mente de novas construções.

Desconhecendo-se a localização precisa do traçado da conduta adutora, prevê-se que o edifício se implante paralelo à mesma. Existindo conflito entre ambos será avaliada a deslocação da nova construção garantindo fácil acesso à conduta adutora.

 

ESPAÇOS EXTERIORES | A solução proposta contempla três níveis de intervenção: estacionamento e acessos – cons­trução de pavimentos, muros de suporte, introdução de forte arborização para a contrariar o efeito de “ilha de calor” e ate­nuar o impacto visual das áreas de estacionamento e reserva­tórios de água existentes; valorização da envolvente do edifí­cio - tratamento mais cuidado e intensivo; valorização da área verde existente: com intervenção moderada, para preservar a morfologia do terreno e o coberto arbóreo existente (olival). Propõe-se ainda equipar o espaço com mobiliário urbano, áreas de sombreamento em pérgula e reforço do coberto ve­getal ao nível arbustivo, nas zonas de estadia para valorização ecológica e estética.

 

ESTACIONAMENTO E ACESSOS | O estacionamento dispõe-se longitudinalmente ao longo do acesso viário, in­tercalado por vegetação. As árvores são desencontradas para que as copas se complementem na mancha de sombreamento.

Acompanhando o estacionamento em toda a sua extensão, desenvolve-se um percurso panorâmico, numa cota intermé­dia em relação ao cemitério e olival que conduz até ao novo edifício. Junto à base do muro de suporte desenvolve-se o acesso à entrada de serviço do edifício, também acompanha­do por estacionamento com arborização.

No conjunto, esta árvores constituem-se como único maciço que controlam o impacto visual do muro do cemitério e dos reservatórios de água. Surgem algumas extensões, enquadran­do a antena de telecomunicações presente no terreno, envol­vendo a praça na cobertura do edifício e alongando-se até ao limite do muro do cemitério. É proposta iluminação pública com luminárias espaçadas que permitem orientar a circulação na via com o mínimo conforto, sem causar impacte visual desde outras áreas do aglomerado.

 

ENVOLVENTE DO EDIFÍCIO | A praça que se desen­volve na cobertura do edifício contem iluminação pública de baixo impacto visual, bancos e papeleiras e, a arborização oferece abrigo do vento e do sol. Os pavimentos exteriores são em xisto, com juntas abertas, promovendo a infiltração da água nos solos. Apesar dos declives e solo rochoso são pro­movidos acessos de nível aos diferentes espaços do edifício, melhorando as condições de acessibilidade em toda a área de implantação. São ainda propostas caleiras laterais, rebaixadas, que possibilitam o encaminhamento do excedente das águas para os terrenos confinantes.

 

VALORIZAÇÃO DAS ÁREAS VERDES | Procura-se manter o essencial da encosta atualmente ocupada pelo oli­val, estabelecendo um mínimo de circulações e equipamen­tos, com reforço do coberto vegetal que proporciona o uso confortável e aprazível do espaço verde. No percurso, com declives na ordem dos 5% , são propostos dois locais de retiro sombreados por pérgula e bancos pontuais.

A iluminação é feita por balizadores espaçados, com orien­tação suficiente para um percurso regular e sem obstáculos.

Em termos de coberto, preserva-se a maioria das oliveiras existentes, relocalizando casos pontuais (5 oliveiras). No pon­to mais baixo do talvegue introduzem-se ciprestes ou choupos colunares, assim como maciços arbustivos que respondem aos seguintes propósitos: introdução de diversidade ecológica, su­porte de fauna, variação de aroma, cromatismo e sazonalidade e interceção da escorrência, com pequenas bacias de infiltra­ção. Esta plantação recorre a vegetação espontânea, da flora mediterrânica ou naturalizada, com capacidade de a subsistir sem rega. Prevê-se, ainda a instalação de um sistema de rega localizada que assegura a manutenção e potencia o crescimen­to inicial, que poderá ser removido posteriormente.

 

ARQUITETURA | O edifício desenvolve-se em relação e adaptação aos declives do terreno existente.

No piso térreo propõe-se um embasamento em xisto a toda a altura, o que permite diminuir os custos de manutenção/conservação associados a um equipamento público e paralela­mente aumentar a resistência mecânica das paredes exteriores.

Destacam-se na cota superior apenas os corpos brancos que anunciam o “poço de luz” que ilumina a sala de espera e as coberturas das duas capelas funerárias – nascente e poente.

Á cota alta propõem-se espaços que estimulam maioritaria­mente o encontro e a concentração de um maior número de pessoas, mais públicos/abertos à paisagem. E, à medida que progredimos em direção à cota baixa os espaços passam a en­caixar-se no terreno, tornando-se privados e encerrados em relação à envolvente com ambientes que convidam ao silêncio e introspeção. Os acessos ao interior do edifício estão igual­mente hierarquizados entre público e de serviço.

Todos os espaços principais são abertos ao exterior e ilumi­nados naturalmente o que permite a redução dos consumos energéticos e ventilação natural.

O átrio/sala de espera, tem uma localização central no espa­ço. Funciona como espaço de estar, mas também de distri­buição entre o programa público (instalações sanitárias, copa e capelas) e o programa de serviço (arrumos, áreas técnicas e área dedicada ao responsável do culto).

Nas capelas, intensifica-se a carga simbólica pela dinâmica da iluminação natural, que percorre o espaço de forma diferen­ciada ao longo do dia, todos os dias do ano.

De forma a acolher 60 utentes sentados em cada uma delas inclui-se no espaço mobiliário individual possibilitando dife­rentes ocupações do mesmo e união das duas capelas através do sistema de abertura de portas proposto.

  • Información
  • Autoría

    Clasificación / Tipología

    Edificación

    Ubicación

    Lugar Barrancos

    Otra información

    Fecha Inicio: Octubre 2019
    Fecha Terminación: Diciembre 2023

    Agentes

    Promotor: Câmara Municipal de Barrancos, com assessoria técnica da Ordem dos Arquitectos (LVT)

  • Premios y distinciones
  • 1º Prémio - Concurso Público para a Casa Mortuária de Barrancos, Barrancos, Portugal - organizado pela Câmara Municipal de Barrancos, com assessoria técnica da Ordem dos Arquitectos (LVT) 

Participaciones en arquia / próxima

IX Edición 2022-2023