LOCALIZAÇÃO | A intervenção localiza-se no número 50 da Rua 1º de Maio, no centro da Área de reabilitação Urbana de Tavira (ARU) e num dos principais eixos comerciais/empresariais da cidade.
PROGRAMA EXISTENTE | O espaço existente, um estabelecimento de restauração apresentava, na condição inicial, uma grande nave livre que progredia desde o acesso à via pública até à cozinha, localizada no limite oposto do espaço. Ao espaço principal, de permanência do público, desenvolve-se lateralmente o pátio interior, que permite iluminar naturalmente todo o espaço e as instalações sanitária públicas e/ou de serviço.
Na generalidade e, após visita ao local, verificaram-se diversos pontos positivos e negativos na perceção do espaço que influenciaram a estratégia de projeto. As paredes estavam maioritariamente revestidas com peças cerâmicas variadas e, logo que se retiraram os equipamentos de cozinha e balcões de atendimento, os roços abertos para a passagem das infraestruturas necessárias ao novo programa apontaram para a inviabilidade de aproveitamento do pavimento existente.
Ainda assim destacou-se desde inicio o pé direito bastante algo e a capacidade de iluminação/ventilação natural em todo o espaço, importante para a garantia das condições de salubridade, sobretudo numa área muito próxima de lençóis freáticos e leito de cheia, com exposição a inundações pontuais.
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO | A proposta de intervenção visou a reconversão do anterior espaço de restauração num espaço com um novo programa dedicado a loja/serviços.
Com a compra recente do piso térreo deste edifício o requerente pretendia alojar num espaço diferenciado, confortável e digno a nova Sede da empresa familiar fundada pelo pai em 1978, atualmente referência no ramo funerário no Algarve.
A empresa mantém desde a fundação os principais atributos, nomeadamente a personalização dos serviços, a grande proximidade com os clientes e o tratamento profissional/ético e digno em todo o processo lutoso, a que se adiciona a procura pela transição digital e modernidade com a passagem do legado às gerações seguintes.
Foi um requisito do requerente a necessidade de atribuição da cor da marca ao espaço, aplicado em continuo ao pavimento em todo espaço como forma de atribuir maior conforto na acessibilidade, térmico pelo material utilizado (pavimento vinilico) e garantia de fácil manutenção.
Como propósito inicial foram trazidos ambientes da anterior Sede, um armazém com estrutura em madeira, onde funcionava a loja/escritório, mas também oficina de carpintaria do fundador. Entre o cheiro, a cor e o tacto confortável dos armários e chapas de madeira que passaram a revestir as paredes do espaço gerou-se em paralelo diferentes espaços que se sucedem uns aos outros aumentando a privacidade á medida da progressão em direção ao interior desde a loja, passando pelo escritório/espaço de reuniões e formação, gabinete de apoio jurídico/psicológico, administração e, por fim, espaço expositivo.
Foram mantidas as instalações sanitárias existentes, tendo passado a instalação sanitária de serviço a contemplar também uma copa de apoio para utilização dos funcionários. A intervenção acabou por se estruturar de acordo com o programa transmitido pelos requerentes: loja, escritório/espaço de reuniões e formação, gabinete de apoio jurídico/psicológico, administração e, por fim, espaço expositivo. Sendo a organização pensada do espaço mais público (próximo da via pública), até à copa de apoio aos funcionários no ponto oposto.
CONSTRUÇÃO E MATERIAIS | A intervenção foi pensada por forma a utilizar o mínimo de materiais possível, mas, ainda assim, conferir a maior qualidade espacial e níveis de conforto ao espaço. Foi tido ainda em atenção a possibilidade a qualquer momento de adaptação a qualquer categoria de utilização em caso de necessidade reorganização do espaço ou venda futura, contribuindo para a sustentabilidade da intervenção em termos de organização programática.
O orçamento reduzido e as dificuldades registadas em relação à procura de mão-de-obra especializada no local acabaram por se transformar num positivo desafio levanto todo o projeto a ser pensado do ponto de vista da estandardização das peças e painéis de madeira que acabaram por ser todas produzidas em fábrica e adaptadas ao espaço existente no local, através da criação de um pequeno estaleiro em obra.
Para responder às especificidades do local (nomeadamente a possibilidade de inundação pontual), os armários elevam-se do pavimento. O próprio pavimento utilizado é semelhante ao que podemos encontrar nas unidades hospitalares tendo em conta três condicionantes: o contacto com o solo, a facilidade de acesso num espaço maioritariamente utilizado por idosos e como barreira térmica, com vista a aumentar a sensação de conforto em todo o espaço.