A palavra offshore tem dois significados. O primeiro significa literalmente no mar, longe da costa, eo segundo se refere ao que é feito, localizado ou registrado no exterior, especialmente para obter benefícios de menores custos ou impostos, ou uma regulamentação menos rígida. Nosso dia a dia vive através de pessoas, fontes de energia, serviços e produtos levados longe da costa e operando fora da norma. É difícil perceber essas arquiteturas, seja porque elas permanecem convenientemente escondidas ou porque elas assimilaram sua existência com grande naturalidade.
A tese trata da análise das conseqüências espaciais desses deslocamentos. Por um lado, a tese investiga através de quatro casos de estudo - que se processam a partir de um caso zero introdutório -, nas peculiaridades dos lugares, estruturas, programas e construções que permanecem distantes, fora de vista. Essas arquiteturas longe do litoral, aparentemente isoladas e remotas, estão conectadas de maneira intensa e imediata com arquiteturas em outra escala. Por outro lado, a tese espia as repercussões que esses deslocamentos provocam no ambiente mais imediato. Transportar lá transforma o modo de criar lugares, a representação de infraestruturas, a disposição de programas e a lógica construtiva.
O mercado é constantemente ajustado em arquiteturas que respondem a demandas temporárias ou circunstanciais, formando um equilíbrio complexo ao mesmo tempo instável. Uma instabilidade que não significa desordem, mas é caracterizada por sua grande interação e sua incerteza perpétua. A exceção é identificada como uma ferramenta fundamental na construção da arquitetura offshore. A dissociação da ordem normal das coisas é essencial para ser eficaz. Mas a exceção é no caso da arquitetura longe da costa um limiar, em que dentro e fora não são excluídos, mas criam uma área de indiferença. A arquitetura offshore é essencial para as regras econômicas e legais contemporâneas, embora elas excluam explicitamente isso.
A arquitetura longe da costa é infraestrutural. Esta não é uma condição ligada à escala. Isso significa que a atenção não é colocada na forma do objeto, mas na estrutura organizacional da vida coletiva necessária para entender uma complexidade global que é muitas vezes invisibilizada. A arquitetura longe da costa, como o mar, tem outros limites e suas próprias lógicas. O território não é constituído como uma entidade estável, mas como um campo dinâmico de forças. Esse fato supõe um desafio para a disciplina arquitetônica, que deve utilizar ferramentas importadas de outras ciências para a representação - ou seja, leitura e design - da arquitetura distante da costa.
A arquitetura offshore mostra que o deslocamento é essencial para a vida contemporânea. Esta tese reflete sobre as mobilidades que se cruzam na arquitetura, que não são exclusivamente aquelas relacionadas ao transporte e, portanto, alheias à disciplina, mas integram a construção da forma arquitetônica. A arquitetura longe do litoral é revelada, assim como um sistema de potencialidades, que expressa a capacidade de promover mudanças nos estilos de vida e nos relacionamentos.