Podemos practicar la arquitectura como una abeja de miel o como un avispón. Casi todos los arquitectos somos abejas de miel, pero Koolhaas es un avispón: te pica donde normalmente nadie lo hace1. Y es que Rem Koolhaas es, ante todo, un entrevistador. Sus entrevistas contribuyen a su producción arquitectónica como manera de trabajar, de pensar y de especular. Además, forman parte de la historia oral de la arquitectura, una disciplina poco teorizada y en la que, sin embargo, se basa su arquitectura de las conversaciones. Su inicio se sitúa entre 1963 y 1968, cuando hacía entrevistas para el periódico holandés Haagse Post. Más allá de lo biográfico, la entrevista constituye uno de sus formatos de trabajo más frecuentes, y él empezó en una época de explosión de publicaciones y otros medios que establecieron el canon arquitectónico moderno ilustrando el «medio es el mensaje». Lo que nos enseña Koolhaas a través de sus entrevistas es una forma de descifrar la historia, de interpretar la arquitectura de los demás y de apropiarse de asuntos que no son objeto de la atención de la disciplina.
Esta tesis se pregunta por la condición desoída de Koolhaas como entrevistador. Para realizarla ha sido necesario completar un archivo oral donde ciertas voces y relatos estaban ausentes en el registro histórico arquitectónico pese a ser producto o consecuencia de su trabajo. Asimismo, es conveniente poner en valor sus preguntas y las respuestas de otros al igual que ocurre con la atención prestada por los medios cuando él es el entrevistado. No se trata de extraer de unas técnicas periodísticas lecciones lingüísticas aplicables en la práctica arquitectónica, sino de mostrar que la labor entrevistadora de Koolhaas es un vehículo de producción de pensamiento crítico. El objetivo es exponer cómo utiliza sus entrevistas con una función práctica, teórica y crítica; y con ello contribuir a la comprensión del valor ensayístico, instrumental y especulativo de la transmisión oral como estrategia proyectual en sí misma.
La primera parte trata el género de la entrevista como forma epistemológica y el contexto de una poco conceptualizada entrevista arquitectónica como lugar fértil de avance en el estudio de la disciplina. La segunda parte dará cuenta de detalles específicos sobre las entrevistas hechas por Rem Koolhaas: lo que se produce, su categorización y sus modos de funcionamiento en la cultura. Estos proyectos hablados, alejados del fetichismo, suponen la clasificación teórica de una arquitectura que aplica la oralidad como método de trabajo, de diseño, de pensamiento y de exploración. Al igual que algunos historiadores y escritores de arquitectura han abogado y se han esforzado por escribir historias arquitectónicas alternativas y más inclusivas, Rem before Koolhaas añade la de una arquitectura oral, polivocal, de un polifacético arquitecto entrevistador.
Palabras clave: arquitectura oral, entrevista, periodismo, Rem Koolhaas, Haagse Post
1 KOOLHAAS, Rem; FLOTHUIS, Trino y MULISCH, Harry: Abejas de miel y avispones. Haagse Post habla con Harry Mulisch. En: Haagse Post (Politiek/Literatuur). Ámsterdam: Bonaventura, 24 de septiembre, 1966, p. 8.
We can practice architecture like a honeybee or a hornet. Most architects are honey bees, but Rem Koolhaas is a hornet: he stings you where no one else does (1). Koolhaas is, above all, an interviewer. His interviews contribute to his architectural production as a way of working, thinking and speculating. Moreover, they are a part of the oral history of architecture, a discipline that remains largely unexamined and on which, nevertheless, Koolhaas’ architecture of conversations is based. He began this work between 1963 and 1968, when he did interviews for the Dutch newspaper Haagse Post. Beyond the biographical, the interview is one of his most frequent working formats, and he began in an era of explosion of publications and other media that established the modern architectural canon by illustrating McLuhan’s proposition that “the medium is the message”. What Koolhaas demonstrates through his interviews is how to decipher history, to interpret the architecture of others and to include issues that have previously been left outside of the discipline.
This thesis attempts to rectify the omission of Koolhaas’ role as an interviewer. In order to accomplish this task, it was necessary to review an entire oral archive from which certain voices and stories were absent in the architectural history record, despite being the product or consequence of his work. This can be done by analysing both his questions and the answers he obtained, as well as the focus of attention of the media when Koolhaas himself was interviewed. The aim of this work is not to draw linguistic lessons from journalistic techniques that can be applied in architectural practice, but to show that Koolhaas’ interviewing technique is a vehicle for the production of critical thinking. The aim is to show that his interviews perform a practical, theoretical, and critical function, and to thus contribute to the understanding of the essayistic, instrumental, and speculative value of oral transmission as a design tool in itself.
The first part of this thesis deals with the literary form of the interview as an epistemological form and the context of a little researched architectural interview as a fertile ground for the study of the discipline. The second part will provide specific details of the interviews conducted by Koolhaas: what is the product, its categorisation and, finally, its significance in culture. These spoken resources, far from being a fetish, represent the theoretical classification of an architecture that applies orality as a method of work, design, thought, and exploration. Just as some architectural historians and writers have advocated and endeavoured to write alternative and more inclusive architectural stories, Rem before Koolhaas adds that of an oral architecture, of a multifaceted architect who is at the same time an interviewer.
Keywords: oral architecture, interview, journalism, Rem Koolhaas, Haagse Post
(1) KOOLHAAS, Rem; FLOTHUIS, Trino and MULISCH, Harry: Honeybees and hornets. Haagse Post talks to Harry Mulisch. In: Haagse Post (Politiek/Literatuur). Amsterdam: Bonaventura, September 24, 1966, p. 8.
Podemos praticar arquitectura como uma abelha de mel ou como uma vespa. Quase todos os arquitectos são abelhas, mas Koolhaas é uma vespa: ele pica-te onde normalmente mais ninguém o faz (1). O facto é que Rem Koolhaas é, acima de tudo, um entrevistador. As suas entrevistas contribuem para a sua produção arquitectónica como uma forma de trabalhar, pensar e especular. Além disso, fazem parte da história oral da arquitectura, uma disciplina pouco teorizada e na qual, no entanto, se baseia a sua arquitectura de conversas. Começou entre 1963 e 1968, quando deu entrevistas para o jornal holandês Haagse Post. Para além da biografia, a entrevista constitui um dos seus formatos de trabalho mais frequentes, e começou numa época de explosão de publicações e outros meios de comunicação social que estabeleceram o cânone arquitectónico moderno, ilustrando o "meio é a mensagem". O que Koolhaas nos ensina através das suas entrevistas é uma forma de decifrar a história, de interpretar a arquitectura dos outros, e de se apropriar de questões que não são objecto da atenção da disciplina.
Esta tese pergunta sobre a condição inaudita de Koolhaas como entrevistador. Para a sua realização, foi necessário completar um arquivo oral onde certas vozes e histórias estavam ausentes no registo histórico arquitectónico, apesar de serem o produto ou consequência do seu trabalho. Do mesmo modo, é conveniente valorizar as suas perguntas e as respostas dos outros, tal como acontece com a atenção dada pelos meios de comunicação social quando ele é o entrevistado. Não se trata de extrair lições linguísticas aplicáveis à prática arquitectónica das técnicas jornalísticas, mas de mostrar que a entrevista de Koolhaas é um veículo para a produção de pensamento crítico. O objectivo é mostrar como utiliza as suas entrevistas com uma função prática, teórica e crítica, e assim contribuir para a compreensão do valor ensaístico, instrumental e especulativo da transmissão oral como uma estratégia de concepção em si mesma.
A primeira parte trata do género da entrevista como forma epistemológica e do contexto de uma pequena entrevista arquitectónica conceptualizada como um lugar fértil de avanço no estudo da disciplina. A segunda parte dará conta de detalhes específicos sobre as entrevistas conduzidas por Rem Koolhaas: o que é produzido, a sua categorização, e os seus modos de funcionamento na cultura. Estes projectos falados, distantes do fetichismo, representam a classificação teórica de uma arquitectura que aplica a oralidade como método de trabalho, design, pensamento e exploração. Tal como alguns historiadores e escritores de arquitectura defenderam e se esforçaram por escrever histórias arquitectónicas alternativas e mais inclusivas, Rem before Koolhaas acrescenta a de uma arquitectura oral e polivocal de um arquitecto entrevistador multifacetado.
Palavras-chave: arquitectura oral, entrevista, jornalismo, Rem Koolhaas, Haagse Post
(1) KOOLHAAS, Rem; FLOTHUIS, Trino e MULISCH, Harry: Abelhas e vespas de mel. Haagse Post fala com Harry Mulisch. Em: Haagse Post (Politiek/Literatuur). Amesterdão: Bonaventura, 24 de Setembro de 1966, p. 8.
Arquitecto
MADRID | ESPAÑA
