Atualmente, o individualismo social originado pelas novas sociedades da informação, a crise econômica e, mais ainda, pela arquitetura que busca a máxima rentabilidade, tem causado uma crescente falta de comunicação entre as pessoas que compartilham os mesmos espaços residenciais.
Esta tese de doutorado trata do estudo do espaço comum dentro do projeto habitacional coletivo, a partir da noção de espaço intermediário, entendida como uma fronteira espacial - entre o espaço público da cidade e a atmosfera íntima da casa - onde ocorrem encontros sociais entre residentes.
O principal objetivo da pesquisa é resgatar e valorizar os princípios básicos do projeto arquitetônico - muitos deles em desuso - que melhoram a qualidade do espaço coletivo e favorecem a aparência de um ambiente agradável para o encontro interpessoal, bem como uma tentativa de codificar desses aspectos, com base em critérios conceituais que definem o espaço público contemporâneo.
A hipótese inicial é baseada na consideração do projeto habitacional como um modelo análogo ao projeto urbano da cidade - com o qual ele possui similaridades sugestivas -, e os espaços intermediários como um espaço de referência que coloca em valor o que ele liga - integrado no próprio projeto-. Este pressuposto básico permitiu que diferentes autores colocassem em relação frutífera o desenho da casa, do edifício e da cidade, com o indivíduo, a comunidade e a sociedade; e tornou possível propor a transposição de conceitos arquitetônicos frutíferos, em relação ao espaço público - usando como representante a idéia de uma rua elevada -, que agora pode enriquecer o ambiente privado do edifício.
Utilizando instrumentos específicos da disciplina de arquitetura, a tese tenta explicar a desvalorização social dos espaços coletivos, derivada da construção em altura e do uso excessivo da padronização no projeto habitacional do pós-guerra, e intensificada no pós-modernismo pela revolução das comunicações. Assim, o projeto de projetos de habitação coletiva pode ser reorientado não como um simples agrupamento de habitações que favorecem o isolamento, mas tentando promover edifícios que melhorem a comunicação interpessoal.
O encontro e reagrupamento de um vocabulário arquitetônico específico, de acordo com a complexidade social intrínseca em espaços coletivos, amplia o escopo dos conceitos tratados. Esta terminologia baseia-se principalmente em mecanismos de qualificação espacial e permite avaliar a dimensão coletiva da esfera semi-pública no edifício habitacional.